Farra, nô?

Harakiri

Minha amada avó por parte de pai se chama Cafiaspirina (minha família é mto boa nesse lance de escolher nomes pra cada ente que nasce). Carinhosamernte todo mundo a chama de D. Cafi.

Mto bem. D. Cafi, minha santa avozinha, é vizinha de um casal diferentão: D. Ava Gina (diz minha avó que é uma homenagem as atrizes Ava Gardner e Gina Lolobrigida, que sequer conheci) é casada com o Sr. Kumiama, um japonês que veio tentar a vida no Brasil.

Seu Kumiama é mto ligado nessas coisas que acontecem no Brasil e aqui na cidade, em particular. Seu Kumiama ficou perplexo com as últimas coisas que ficou sabendo:

- "Celeal", meu filho,tá sabendo? Tem um político aí quelendo dar regalias pla esses tal de DAS.

- Tô ligado, Seu Kumiama, tô ligado. Saiu na blogosfera - eu disse a ele.

- "Blô" o que? - estranhou ele.

- Blogosfera, Seu Kumiana, blogosfera. Xá pra lá, Seu Kumiama.

- Pois é, menino "Celeal". Além de queler igualar os dileitos dos tal de DAS aos tlabalhadoles com vínculo emplegatício permanente e o tlabalhador avulso, ainda ké segulo desemplego, fundo de galantia por tempo de serviço e aviso plévio ploporcional ao tempo de serviço pla esse pessoal - me conta Seu Kumiama, estupefato (adorei essa palavra), com o seu sotaque ainda carregado.

- É, Seu Kumiama, tb acho um absurdo. Metade da cidade deve tá de boca aberta, e a outra metade ou tá de boca fechada ou tá com a boca escancarada esperando que uma lei como essa seja aprovada - disse eu.

- Se fosse no Japão, uma pessoa assim ia se sentir tão envergonhada, mas tão envergonhada, que pedilia desculpas nacionalmente ou platicava harakiri, nô? - diz ele.

- Infelizmente isso aqui é Brasil; isso aqui é Campos, Seu Kumiama. Ninguém tem vergonha de nada não - admito, desencantado.

- Tliste, mto tliste. Sayonara, "Celeal"- se despede ele.

- Sayonara, Seu Kumiama.